O OLHAR ESTÉTICO DO AFETO: OUTRO OLHAR SOBRE A VIOLÊNCIA NO RIO DE JANEIRO - DOI: 10.12818/P.0304-2340.2021v78p137
DOI:
https://doi.org/10.12818/P.0304-2340.2021v78p137Resumo
Em tempos de olhares violentos sobre o real, o olhar estético do afeto se apresenta como alternativa às políticas de segurança pública para o Rio de Janeiro. Uma técnica que pretende alterar a percepção sobre aquilo que é comunicado como violência, considerando que a cidade está estruturada sob uma dinâmica circular de comunicação que projeta imagens rotuladas percebidas como violência. Este padrão de interdependência comunicativa é responsável por instaurar um fluxo permanente de manifestações de violência entre morro (favela) e asfalto. Uma percepção modulada pela mídia e pelo estado em forma de espetáculo através do discurso do medo e do risco, e assimilada pela sociedade, que passa a exigir mais proteção e segurança, legitimando medidas de contenção e controle responsáveis por retroalimentar essa circularidade de violência e a divisão da cidade, entre espaços de inclusão e outros marginalizados. A fotografia é o medium dessa técnica que “faz ver”, “transforma o ver em olhar” e “faz agir sobre”, e o afeto é a lente. Uma possibilidade de reterritorialização através do afeto para reconfigurar a imagem da cidade e suas relações a partir da concepção spinoziana sobre afeto. Uma pesquisa que tem em Maurice Merleau-Ponty a referência metodológica para investigar a potência da experiência perceptiva como medium deste outro olhar sobre a violência, um olhar que acaba por se refletir sobre o mundo do direito.